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Intervenção na Legionários absolve devassidão do padre Maciel

Maciel foi o queridinho do papa João Paulo 2
por Miguel Morda, do jornal El País

O arcebispo Velasio de Paolis, nomeado na semana passada pelo papa, como novo superior geral dos Legionários de Cristo, teve um importante papel na impunidade vaticana de Marcial Maciel, o fundador do poderoso movimento mexicano.

Como jurista e especialista no Direito Canônico, De Paolis trabalhava na Congregação para a Doutrina da Fé quando chegaram a Roma, no começo dos anos 1980, a segundas denúncias de padres que acusavam de pederastia a Maciel. Chamado a resolver o problema, De Paolis assinou a absolvição do mexicano e, segundo afirma uma fonte vaticana, o fez por indicação do secretário de João Paulo II, Stanislaw Dzwiwisz.

Aquela segunda absolvição – a primeira ocorreu nos anos 1950 – serviu a Maciel como aval oficial para seguir cometendo delitos. Pelos jornais dessa época se sabe que aquela segunda onda de acusações foi devolvida porque carecia de fumus boni iuris, isto é, eram consideradas meras suposições. “Com a distância dos anos, parece estranho que De Paolis absolvesse a Maciel, já que nos arquivos vaticanos havia abundantes provas que o inculpavam”, afirma o vaticanista e canonista Filippo Di Giacomo.

Este entusiasmo absolutório durou meio século e atravessou o reinado de cinco papas. A primeira condenação de Maciel data de maio de 2006, um ano depois da chegada cardeal alemão Joseph Ratzinger ao poder. Segundo mostrou o National Catholic Repórter, Ratzinger sempre rechaçou os envelopes com dinheiro que Maciel e os seus repartiam entre os hierarcas católicos.

Na nomeação de De Paolis, como delegado do papa na congregação dos Legionários de Cristo, além de ser especialista em finanças – ele é o atual prefeito para Assuntos Econômicos, que se limita a aprovar as contas vaticanas -, parece que pesaram outros fatores.

“Sua bibliografia como jurista não é de primeira linha”, afirma Di Giacomo. “Seus títulos mais importantes versam sobre os exercícios espirituais das irmãs religiosas. Os dois fatores que pesaram na nomeação são a sua idade avançada, 74 anos, somente a um ano de se tornar emérito, e de ter participada da cozinha onde se preparou o envenenado problema Maciel. É como se o papa dissesse: vocês criaram o problema, vocês agora o resolvam”, conclui o canonista.

> Vaticano está de olho nos bilhões dos Legionários, diz estudioso.
abril de 2010

> Caso do padre Marcial Maciel, o devasso.

Comentários

Anônimo disse…
Especialistas em Igreja Católica, disponíveis em vários sites de lingua espanhola e em inglês ( o que não se constitui impedimento de lê-los, pois a net conta com boas ferramentas de ajuda para a tradução); são quase unânimes em denunciar a cumplicidade do atual papa, eminência parda que já governava a Igreja desde o reinado do anterior, por questões puramente econômicas. Não é só a imoralidade do padre, mas a própria teologia ascética-mística voltada para ricos, que é imoral, para uma instituição que se pretende voltada preferencialmente para "os pobres", sobretudo na realidade LATINO-AMERICANA, de pobreza e exclusão...Ora, nada de estranhar, que este representante máximo da Igreja, que desmontou a teologia da libertação, trabalhou arduamente para demissão dos bispos progressistas e ajudou os conservadores a voltarem ao poder; VEJA COM BONS OLHOS essa catequese aliciadora dos jovens ricos, intelectualizando-os e "espiritualizando-os", vom NÍTIDAS PRETENSÕES DE FUTURO EMPODERAMENTO (empowerment). Como alguém já profetizara aqui, desde o início dos comentários à suposta "crise" marçal, tudo sempre termina em pizza, ou melhor, em papa.

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