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Exército diz que fica, mas favela não quer

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Depois da morte dos três jovens da favela do Morro da Providência, no Rio, criou-se um impasse: o Exército diz que vai continuar lá, mas os moradores da favela querem os soldados longe. Os operários que cuidam da reforma de casas no local também não querem a presenca dos militares e ameaça parar o trabalho.

Até o final da semana, a Defensoria Pública da União vai encaminhar ação na Justiça para que o Exército saia imediatamento do Morro da Providência. Para a Defensoria, não cabe ao Exército exercer o papel de polícia.

O clima na favela e de diversos setores da sociedade é de revolta. O tenente Vinícius Ghindetti de Moaes Andrade, 25, tem sido comparado a bandido, inclusive por autoridades municipais. 

Andrade disse à Polícia Civil e ao Ministério Público que foi ele quem decidiu entregar os três jovens – todos supostamente envolvidos com drogas -- para os traficantes rivais da favela do Morro da Mineira.

Os jovens teriam insultados os militares – ainda não está suficientemente esclarecido o que foi o eles fizeram -, e então o tenente resolveu dar-lhes um “corretivo”. Isso, no sábado. No domingo, os corpos dos três foram encontrados em um lixão da Baixada Fluminense.

Aparentemente, Andrade fez o relato à Polícia Civil e ao Ministério Público achando que, por ser militar, não sofreria qualquer sanção. Mas a Justiça, a pedido do Ministério Público, decretou a prisão temporária do tenente e de seus 10 subordinados. Todos foram indicados por triplo homicídio.

Antes de a Justiça determinar a prisão, o Alto Comando do Exército esboçou uma defesa do tenente, ressaltando que eles tinham sido desacatados. Mas ontem à tarde, um comunicado oficial do Exército condenou o procedimento do oficial.

Hoje, pressionado por diversos setores da sociedade, inclusive pelo presidente Lula, o Exército apresentou pedido de perdão à comunidade. Um oficial se desculpou pessoalmente com as mães dos jovens assassinados [foto]. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, subiu o morro para se desculpar e prometer que o crime não ficará impune.

A promotora Márcia Velasco, que pediu à Justiça a prisão do grupo, não tem dúvida: ao tomar a decisão de entregar os rapazes -de 17, 19 e 24 anos— aos “inimigos” deles, o tenente sabia que eles seriam mortos.

Entre os soldados sob o seu comando, há pelo menos dois que já moraram em áreas dominadas por traficantes e ambos sabem muito bem o que ocorre em circunstâncias como essa.

Além do tenente, os demais indiciados por homicídio triplamente qualificado (crueldade, crime por motivo torpe e deixar as vítimas sem defesa) são Leandro Maia Bueno, José Ricardo Rodrigues de Araújo, Bruno Eduardo de Freitas, Renato de Oliveira Alves, Júlio Almeida, Rafael Cunha da Costa Sá, Sidney de Oliveira Barros, Fabiano Eloi dos Santos, Samuel de Souza Oliveira e Eduardo Pereira de Oliveira.

O delegado Ricardo Domingues, da 4ª DP, afirmou ontem ao Jornal Nacional que em momento algum do o tenente demonstrou arrependimento.

O jornal “O Globo” relata como teria sido a entrega dos três jovens aos seus inimigos: “Ao chegar à favela [do Morro da Mineira], o sargento Maia Bueno desceu do caminhão e seguiu com as mãos para o alto até os traficantes, onde teria pedido que os jovens recebesse um castigo por terem desacatado os militares.”

Pela Folha de S. Paulo, o militar teria dito aos traficantes que estavam recebendo um ‘presentinho”.

O Exército tem de se recolher ao quartel e se recusar a fazer a segurança de projetos eleitoreiros, do senador e bispo da Igreja Universal Marcelo Crivella (PRB-RJ).

Tal tipo de coisa não engrandece o Exército, cuja história já está maculada pelos longos anos da ditadura militar.

O JORNAL argentino Página 12 afirma que os favelados do Rio não sabem "se devem ter mais medo do criminosos civis ou dos uniformizados".

> Militares apontam o tenente como o responsável. (Estadão)

> Justiça manda prender 11 militares por morte de três jovens.

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