Vizinhos ouviram gritos de criança
Cinco minutos antes de a Isabella ser arremessada do apartamento do seu pai, do 6º andar, um vizinho do primeiro andar escutou: “Papai, papai, papai... pára!, pára!” Eram 23h35min e esse vizinho assistia TV na sala com a porta da varanda de seu apartamento aberta.
Também uma vizinha escutou gritos desesperados de menina, conforme mostrou ontem (14/4/2008) o Jornal da Globo, que teve acesso aos depoimentos das testemunhas. Pela primeira vez foram mostradas imagens do quarto onde estava a menina e de outras dependências do apartamento de Alexandre Nardoni.
Os depoimentos das testemunhas conflitam em vários pontos com o que Alexandre e sua mulher e madrasta de Isabella, Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, falaram à polícia logo depois que a menina foi jogada do sexto andar do Edifício London, na Zona Norte de São Paulo.
Uma das inconsistências é a de que uma testemunha disse ter visto Anna com Isabella, já morta, no colo, andando de um lado para outro, falando desesperada ao celular. À polícia, Anna disse que não tocou no corpo da menina quando este estava estirado no jardim do edifício.
A polícia mandou para a perícia as roupas que a Anna usava naquela noite de 29 de março, para verificar se há vestígios de sangue da menina.
Antes de ser jogada do 6º andar, a menina foi espancada e em sua testa foi feito um corte de dois centímetros, de onde teria saído sangue e manchado alguns pontos do apartamento.
Mesmo que a Anna tenha lavado a roupa, os recursos da perícia permitem identificar indícios de sangue. O laudo da perícia será divulgado ainda nesta semana.
A polícia leva em consideração a possibilidade de que Isabella ter sido espancada primeiro pelo pai e depois pela madrasta. Ou por ambos ao mesmo tempo.
A vizinha que disse ter ouvido o desespero da criança acrescentou à polícia que os gritos pareciam ser de quem não estava com o pai ao seu lado. Ela contou que os dois últimos gritos foram abafados, como se alguém tivesse mandado a menina calar a boca.
No domingo, ao Fantástico, Cristiane, tia e madrinha de Isabella, disse que o seu irmão nunca foi violento com a filha. E à polícia, Anna disse que ela e a menina se amavam, conforme informou ontem o Jornal Nacional, que conseguiu cópia do depoimento dela e do marido.
Outra inconsistência: o porteiro do edifício disse à polícia que, depois da queda de menina, Alexandre desceu primeiro do seu apartamento e minutos depois a sua mulher. À polícia, Alexandre e Anna afirmaram que desceram pelo elevador juntos.
O jornal Agora informa que Alexandre, em seu depoimento à polícia, disse que Anna estava tomando um remédio tranqüilizante por não conseguir dormir por causa do choro do filho menor. Ela estava tomando somente um remédio, embora o médico tenha lhe prescrito outros. Um desses remédios seria Lexotan, indicado para ansiedade e agitação a pessoas com transtornos de humor e sintomas de esquizofrenia.
Em seu depoimento à polícia, Anna admitiu que sentia ciúmes da ex-mulher de Alexandre, a Ana Carolina Oliveira, mas que isso ela já tinha superado.
Testemunhas – informa o jornal – disseram à polícia que o casal discutia com freqüência por causa de crise de ciúmes.
Numa dessas brigas, quando o casal ainda não morava no edifício London, Anna quebrou com as mãos o vidro de uma janela. “O vidro foi arrebentado e se estilhaçou no salão de festas e na garagem do subsolo, fazendo um grande estrondo", disse uma testemunha que foi vizinha do casal no endereço anterior.
Delegados que investigam o caso informam que, quando forem divulgados os laudos da perícia, novo pedido de prisão do casal será encaminhado à Justiça.
> À polícia, pai de Isabella disse que mulher passava por fase difícil. (Folha)
> Caso Isabella.
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