Título original: A vontade de Deus
por Hélio Schwartsman para Folha
Pessoas religiosas costumam dizer que seguem a vontade de Deus. A questão relevante então é descobrir como elas descobrem o que Deus quer, já que só uma minoria alega receber ordens diretas do Criador.
É justamente sobre esse intrigante ponto que as pesquisas de Nicholas Epley, da Universidade de Chicago, lançam luzes.
Epley e seus colaboradores entrevistaram centenas de pessoas e as inquiriram sobre temas moralmente carregados, como aborto, ação afirmativa, casamento gay, pena de morte e legalização da maconha. Também perguntaram como elas achavam que Deus via essas questões. A título de controle, pediram que os entrevistados dissessem quais seriam as respostas do americano médio, George W. Bush e Bill Gates sobre esses temas.
Houve grande coincidência entre as opiniões do indivíduo e aquelas que ele atribui a Deus. Por exemplo, se o sujeito é a favor da pena de morte, tende a dizer que o Criador também a defende -e vice-versa. Até aí não há muita surpresa. Vários estudos psicológicos já haviam demonstrado que nossas próprias convicções influem bastante sobre aquilo que imaginamos que outras pessoas pensam.
Os trabalhos de Epley ficam mais interessantes quando ele induz os participantes a modificar seu juízo, convidando-os a ler diante de uma câmara discursos contrários a seu ponto de vista inicial. Aí, como previsto pela psicologia experimental, o sujeito tende a reformular suas ideias. O curioso foi constatar que, nessas situações, a "opinião de Deus" também mudou, mas as atribuídas a Bush e Gates não.
Cereja no bolo: Epley também submeteu algumas de suas cobaias a estudos de neuroimagem, para constatar que, quando pensavam sobre o que Deus diria, ativavam os mesmos circuitos usados no pensamento autorreferencial.
O lado bom disso tudo é que ninguém precisa fazer muita força para estar do lado de Deus.
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Livro mostra o que a Bíblia tem de bizarro, hilário e perturbador
março de 2009
por Hélio Schwartsman para Folha
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Defensor da pena de morte, por exemplo, tende a achar que essa é a vontade de Deus |
É justamente sobre esse intrigante ponto que as pesquisas de Nicholas Epley, da Universidade de Chicago, lançam luzes.
Epley e seus colaboradores entrevistaram centenas de pessoas e as inquiriram sobre temas moralmente carregados, como aborto, ação afirmativa, casamento gay, pena de morte e legalização da maconha. Também perguntaram como elas achavam que Deus via essas questões. A título de controle, pediram que os entrevistados dissessem quais seriam as respostas do americano médio, George W. Bush e Bill Gates sobre esses temas.
Houve grande coincidência entre as opiniões do indivíduo e aquelas que ele atribui a Deus. Por exemplo, se o sujeito é a favor da pena de morte, tende a dizer que o Criador também a defende -e vice-versa. Até aí não há muita surpresa. Vários estudos psicológicos já haviam demonstrado que nossas próprias convicções influem bastante sobre aquilo que imaginamos que outras pessoas pensam.
Os trabalhos de Epley ficam mais interessantes quando ele induz os participantes a modificar seu juízo, convidando-os a ler diante de uma câmara discursos contrários a seu ponto de vista inicial. Aí, como previsto pela psicologia experimental, o sujeito tende a reformular suas ideias. O curioso foi constatar que, nessas situações, a "opinião de Deus" também mudou, mas as atribuídas a Bush e Gates não.
Cereja no bolo: Epley também submeteu algumas de suas cobaias a estudos de neuroimagem, para constatar que, quando pensavam sobre o que Deus diria, ativavam os mesmos circuitos usados no pensamento autorreferencial.
O lado bom disso tudo é que ninguém precisa fazer muita força para estar do lado de Deus.
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Livro mostra o que a Bíblia tem de bizarro, hilário e perturbador
março de 2009
Comentários
É algo parecido com o argumento que alguns usam contra o Open Source em geral, falando que não tem nenhuma empresa grande por trás. Estas pessoas não querem assumir a responsabilidade, e então passam para esta grande empresa, ou assim pensam estar fazendo quando compram um programa de uma grande empresa. E sabe o que estas grandes empresas fazem quando dá algum problema? Te desprezam a ponto de nem te mandarem um "foda-se". E se você processar por causa de um bug que impediu que você fizesse algo, eles vão falar que na licença que você aceitou falava que eles não são responsáveis se o sistema deles não foi adequado a algum uso, que a responsabilidade é sua, e agora você nos deve as custas dos nossos caros advogados e mais uma cara indenização.
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