de uma leitora a propósito de Dekasseguis fujões deixaram no Brasil 350 famílias no abandono
Eu sei como é essa história. Meu pai foi pra lá quando eu tinha 2 anos, em 92. Ele só veio me visitar uma vez, em 96. Toda vez que ele ligava, minha mãe falava que a pensão que ele mandava não dava para quase nada. Então ele passou a ligar só quando ela não estava em casa e depois parou de telefonar.
> Juíza condena pai por abandono afetivo de filho.
dezembro de 2006
Eu sei como é essa história. Meu pai foi pra lá quando eu tinha 2 anos, em 92. Ele só veio me visitar uma vez, em 96. Toda vez que ele ligava, minha mãe falava que a pensão que ele mandava não dava para quase nada. Então ele passou a ligar só quando ela não estava em casa e depois parou de telefonar.
Hoje só mantenho contato com ele por e-mail. Não sei mais como ele se parece porque não manda nenhuma foto de si. Raramente manda noticias.
Ele mantém contato só com os primos dele daqui que, por sinal, não gostam muito de mim. Não fazem questão de manter contato comigo. Não mantive muito contato com essa parte da minha familia, a não ser quando alguém vem do Japão e eu o vejo uma ou duas vezes e só.
Meu pai mesmo não vem mais. Não sei como é a vida dele lá, nem se arranjou mulher ou tem algum outro filho.
Eu conheço outras pessoas que têm parente lá e não passam por isso. O pai telefona, vem pro Brasil às vezes e envia a pensão direitinho.
Eu sempre me achei a única abandonada, até ler essa matéria. Seria bom conhecer pessoas dessa associação.
Não pretendo cobrar nada do meu pai, já sou maior de idade, e, mesmo com dificuldades, eu e minha mãe (que não é descendente de japonês) levamos uma vida modesta e com muita luta. Não sei o que seria de mim sem ela.
Mas pelo menos sei que não fui a unica a ficar nessa situação. Alguns estão até pior, porque não sabem nem o paradeiro do pai no Japão.
Mesmo em pouca quantia, meu pai mandava a pensão até eu completar 18 anos. Eu penso se esse abandono da família é da própria pessoa ou se é o Japão que muda as pessoas.
Mais do que dinheiro, a gente sente falta de ter uma familia normal. Mas para essas pessoas que foram embora, isso não importa. Acho que pra essas coisas não acontecerem o casal tem que ir junto para o Japão. Fazer o quê. Só Deus sabe.
dezembro de 2006
Comentários
Postar um comentário