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Virou praga a espiritualidade de ter de perder a vida para salvá-la

Título original: Abel

por Luiz Felipe Pondé para Folha

Caro leitor, sou um pobre de espírito. Não daquele tipo que herdará o reino dos céus, como afirma Jesus no "Sermão da Montanha". Não há lugar pra gente como eu no reino dos céus. Por uma razão simples: não amo ninguém mais do que a mim mesmo. E isso é mortal. Sempre foi. Os mentirosos é que tentam dizer o contrário. Não partilho da nova "ciência do egoísmo", essa que se traduz em livros e revistas que buscam "novas formas de espiritualidade" centrada no amor próprio. Ou nessa coisa horrorosa chamada "autoestima".

Tampouco fiz de mim um budista light, desse tipo que parasita as religiões orientais com a intenção de inventar uma espiritualidade que sirva ao clássico egoísmo moderno, numa salada mista de energias hindus com Jung barato. Antes de tudo, recuso o budismo light por um mero senso do ridículo que habita essas formas mesquinhas de espiritualidade.

Com isso quero dizer que não trocaria o reino dos céus por alguma forma quântica de paraíso egoísta, ao sabor da espiritualidade de livrarias de aeroporto do tipo "O Efeito Sombra", cujo subtítulo é "Encontre o Poder Escondido na sua Verdade", dos "guias espirituais" Deepak Chopra, Debbie Ford e Marianne Williamson, perfeito para almas superficiais amantes de toda forma de espiritualidade mesquinha.

O que é uma espiritualidade mesquinha? Fácil responder essa. Espiritualidade mesquinha é, antes de tudo, uma forma de crença que deforma a face do crente, iluminando seus caninos ocultos. Aquela que sempre medita com o objetivo de nos tornar mais poderosos e bem-sucedidos. Essa praga espiritual está em toda parte porque, simplesmente, não conseguimos entender que, para salvarmos nossa vida, temos que perdê-la. Jesus tinha razão.

O principal obstáculo para se libertar do mal é o "eu". Essa peste que contamina todo ato humano. Como vampiros de Deus, queremos fazer até da "sombra" (do mal em nós) um serviçal de nosso sucesso.

Sou um pobre de espírito. Passo horas temendo o abandono, o desprezo e a indiferença. Comparando meus pequenos sucessos com os mais infelizes do que eu. Ainda bem que eles existem. Rezo para que o mundo me ame. Em meus pesadelos sempre sou o último dos amados do mundo. Quando encontro alguém melhor do que eu, perco o sono, quero destruí-lo. Sua respiração me sufoca. Sua generosidade me humilha. Seu sorriso é uma prova de que fracassei em amar o mundo.

Que o leitor apressado não pense que estou numa crise de autoestima. Que o leitor crente nessas formas de espiritualidade mesquinha não aplique psicologia barata ao que digo, tentando justificar tudo que lê com alguma hipótese acerca do cotidiano de quem escreve. Você não me conhece. Mas seguramente conhece a miséria que vos falo: quem ama alguém mais do que a si mesmo?

Não vale jogar na cara dos outros amores maternos e paternos ou filiais. Na era do "direito à felicidade do indivíduo", até a ciência já está provando que ter filhos é um mau negócio.

Pais e mães são mais estressados do que adultos sem filhos. E é a mesma ciência que agora "descobre" a miséria dos pais, que a cria, em grande parte, com suas demandas "cientificas" de aperfeiçoamento da função parental. Ninguém mais sabe ser pai e mãe sem a palavra de uma especialista. Como sempre digo, a mania de criar um "homem" melhor vai nos destruir a todos.

Como idiota digital que sou, busco rapidamente na internet alguma nova teoria científica ou política que prove que ninguém é melhor do que ninguém. Que nos reúna num ato de mediocridade comum. Alguma nova técnica de treinamento em recursos humanos que devolva a mim minha falsa glória. Meu objetivo é fazer inveja a Deus.

Entendo Caim em seu ódio por Abel. Ao contrário das bobagens que afirma Saramago em seu livro "Caim" -críticas típicas de quem nada entende acerca da tradição bíblica porque permaneceu infantil espiritualmente-, Caim não suportou o fato de que Abel era melhor do que ele e por isso o matou. Existe algum Abel aí ao seu lado?

Uso da palavra 'energia' expressa delírios religiosos.
maio de 2010

Artigos de Luiz Felipe Pondé.

Comentários

Anônimo disse…
Comparado a Saramago que ele critica no fim do texto ? Esse tal de PONDÉ é uma ameba...

esperava mais do textinho dele....
Anônimo disse…
Por favor,
é possível incluir o artigo da folha ilustrada, de Luiz Felipe Pondé do dia 09/08/2010.
Ele é um excelente filósofo.
Desde já agradeço.
Paulo Lopes disse…
O artigo está em http://e-paulopes.blogspot.com/2010/08/o-que-afinal-mulher-quer-do-homem.html (O que afinal a mulher quer do homem? A lésbica sabe).
Anônimo disse…
Pondé're seus pensamentos, suas convicções e conclusões tendo como referência sua própria vida. Sua filosofia (se é que é sua, ou que a filosofia é de alguém) é estranha....melancólica, soa frustrada. A vida e bela, meu caro, a gente é que fo(ge) dela! Ter filhos é indescritível, fazê-los: melhor ainda! TEorias, teorias...blá, blá, blá...Pondé, com todo respeito: relaxa e goza!
Anônimo disse…
Nossa, que coisa triste é ter um espaço na mídia, e, ao invés de aproveitar a oportunidade de fazer algo útil (diante da premente necessidade de mudanças do ser humano), vomitar tantas bobagens, como se os olhos e a percepção do leitor fossem uma lata de lixo...
Realmente, concordo com a assumida pobreza de espírito dele,no sentido de limite e atraso espiritual...
Unknown disse…
Fantástico. Fiquei fascinada com este autor.
Vóny Ferreira
Gladys Ferreira disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Gladys Ferreira disse…
Gosto muito das crônicas do Pondé. O cara é instigante. Mas é proposital, e ao falar, o Pondé, diz o que muitos não tem coragem de dizer, ou o que muitos não vêem.
Anônimo disse…
Adoro as crônicas. A irreverência inteligente de Pondé, com seu raciocínio cirúrgico, nos serve de bom alimento. Não o alimento que nos torna obesos intelectuais, mas aquele que faz nossos olhos brilharem com brilho das descobertas e evidências de nós mesmos. Leio todas!
Anônimo disse…
Em termos de "filosofia" Pondré já está perdendo feio para o Paulo Coelho.
Anônimo disse…
Se a "filosofia" do Pondré evoluir um pouco mais é bem capaz de empatar com a do Tiririca.
Anônimo disse…
Conservadores (e pior, cristãos fanáticos enrustidos) são o verdadeiro atrazo do mundo.
Anônimo disse…
Escrever 'atrazo' é também indício de atraso.
Anônimo disse…
Foi de propósito para pegar um bobo, pois sempre uso o corretor ortográfico atualizado do Office 2010. Mas nas últimas cinco vezes não consegui pegar ninguém, acho que o ensino de português piorou.
Anônimo disse…
Esse pondé só faz proselitismo católico disfarçado. Nesse texto, escancarado.
Entrega-se ao criticar Saramago. Pura inveja do genial escritor anticatólico.
Anônimo disse…
Permanecer infantil espiritualmente para ele é ver a bíblia exatamente como ela é, um monte de bobagens sem pé nem cabeça. Por isso a inveja de Saramago. Inveja de passar toda a vida sem perceber com a clareza "infantil" do Grande Saramago.
Anônimo disse…
Brilhante! Tenebroso! Sabes tudo, sábio Pondé! Parafraseio algum (a) comentador(a) anterior a mim, no elogio merecido, ao contraditório, porém “inteligente” (no sentido nietzschiano do termo), filosofo do politicamente incorreto. Não sou sua fã, nem comumente elogiadora, muito pelo contrário,critico constantemente suas pseudologicidades ilógicas, sua dialética desvirtuadora do discurso; verdadeira guerrilha de franco-atirador literário, que é...Nem aprovo seus delírios não-autorizados,invasivos e intrusivos, na psicanálise, com afãs pseudo-críticos, ao discurso ortodoxo das humanidades em geral. Reconheço porém sua autofagia, sua força de ave de rapina, de ladrão de idéias, pirata do conhecimento...Sendo o pior dos males roubar o que é do outro, copiar, é bem mais maléfico, é o mal absoluto; mal de quem se odeia, se apoucanha, tal é o suprasumo da mediocridade, da imbecilidade; copiar é a única maldade... ESTA ELE NÃO POSSUI: não tendo nascido águia, nem herói, pode ser um urubu; tudo, menos ovelha! Sempre cria e recria, ora máquina destrutiva, ora esquizofrenicamente um corpo desorganizado; não se repete, nem envelhece! Pra dizer o que diz, aliás, é preciso ter lido bastante...Diziam os romanos que devemos temer o leitor de um só livro, como estes que apressadamente o criticam de...(?) católico! Tudo que ele não é. E bem poderia ser, no sentido REAL do termo, que o leitor de um só livro não entende, pois, ser católico é assistir à uma missa e logo depois comemorar a inquisição, com um bom churrasco de herege na fogueira. Essa revelação apofântica, da paradoxal inconciliação da dualidade, é que é nele fascinante. E quando se considera medíocre, o que denota humildade, é também tudo que ele não é. Faz parte do formado caráter (aquele que começa cem anos antes do nascimento da pessoa), admitir os acertos dos adversos e respeitar e valorizar também os contrários, procedam de amigos ou inimigos. Pondé é um destes, seja favorável ou não.
Ricardo disse…
Existe uma tendência entre alguns jornalistas "conservadores" norte-americanos atuais de falarem mal de tudo o que lhes der na telha, de preferência com referências abertamente sexistas e racistas.
Aparentemente eles acham que isso é sinal de coragem, uma espécie resistência ao pensamento politicamente correto (que às vezes é bem irritamente mesmo, reconheço).
Na verdade, não estão fazendo mais do que vomitar o senso comum. Ninguém precisa ler um texto de jornal para saber que a vida é, na maior parte do tempo, uma droga ou que quem tem mais dinheiro pega mais mulher.
É triste que alguém com a formação acadêmica e vivência do Sr. Pondé use seu espaço em um jornal de grande circulação para imitar esses jornalistas e ficar a repetir obviedades mundanas. Será que ele acha algum leitor vai se sentir "provocado" ou "instigado" por seus textos?
Se liga Sr. Pondé, nós não somos seus alunos da PUC, não nos trate como tal!
Anônimo disse…
Ricardo: se você não gosta do que Pondé escreve, a solução é simples: basta não lê-lo.
Ricardo disse…
Há uma outra alternativa, Anônimo: eu o leio, concordo com algumas coisas e outras não. E critico as que eu não gosto, se eu quiser.
Não é tão simples, nada é tão simples na vida. Se formos parar de fazer tudo o que gostamos "mais ou menos" (que é a maior parte das coisas) no final acabaremos sem coisa alguma para fazer.
Como eu disse nada é tão simples.
Ricardo disse…
Só para não perder a deixa. foi interessante você ter expressado esta ideia, Anônimo. Reflete bem a mentalidade infantilizada dos adultos de hoje (estou presumindo que você seja adulto): "não gosto disso, não quero, não vou fazer, e se me obrigarem vou ficar traumatizado e consultar um analista".
Infelizmente, o mundo não funciona assim.
Anônimo disse…
Proponho uma revisão literária dos comentários acima. Admito que é não polido, intrusivo, invasivo e não solicitado fazê-lo. Eis aí o que me aproxima de Pondé. Nós reconhecemos a chatice da mania socrática, de julgamento universal, com que todos nos julgamos, nos censuramos uns aos outros, com ou sem solicitação , mas sempre sob a maldição do julgamento, da interferência. Excusada pelo prévio mea culpa, eu pergunto...é melhor viver ao lado de um só pondé, ou de meio-comentador como os que o criticam, tipo o comentador acima, dono da verdade pronta, pseudo-equilibrada, eclética, que reconhece os erros e os acertos de Pondé...(e os próprios? admite?) Quem afirma que é uma chatice a mania universal de julgamento, não é Pondé, nem os jornalistas americanos, prezados leitores. É Hannah Arendt, pensadora, expert em felicidade e com invejável currículo intelectual além de compromissada atuação política. Na verdade é uma psicose do Ocidente, esta analítica formal lógica-judiciária e condenadora(do outro, é claro!). Pondé é o máximo, é inteligente, não sou sua fã nem sua defensora, mas observo-o, leio-o e constato que progride, que eleva-se ao patamar de "sábio", mesmo que - e o que é melhor! - nem o saiba!... Quem entende o quanto essa nossa raça(humana) é orgulhosa, e o quanto essa específica de intelectuais (como a dos comentadores acima, com todo o respeito) é presunçosa, admira-se que Pondé esteja também crescendo em humildade; o que indica que ainda está mais inteligente, e menos ignorante, porque quanto mais aumenta nossa capacidade de saber, mais somos desconhecedores do que realmente sabemos e mais sabedores do que ignoramos...Quem acusaria Salomão de depressivo, de copiador dos jornalistas gregos ou babilônios, por o mesmo entediar-se com a vanitas vanitatem? Por que Pondé não possui esse direito? Veja-se de modo imparcial a indelicadeza e a soberba do comentador acima, ao julgar o outro não sabedor do que sabe, despossuído do que possui, e comparemos com a humildade de Pondé ao avaliar-se como real sabedor do que apropriadamente sabe, mas não inculcando-se a presuntiva superioridade por isso, ao contrário, reconhecendo-se medíocre, e afirmando, ...como somos todos nós. Sim porque nenhum de nós é Hegel nem Beethoven. Somos sim, sábio Pondé, todos medíocres. E você pode ser até um urubu, como alguém mais acima já falou , menos ovelha, eeu acrescento, JAMAIS PAPAGAIO. É isso.
Ricardo disse…
Anônimo: se não gosta dos meus comentários, a solução é simples: basta não ler-me.

Desculpe, mas não consegui resistir à brincadeira...
Percebeu o que eu quis dizer?Você leu meus (três!) comentários, e presumo que tenha lido todos os outros também, sendo que meu primeiro nem era dirigido à você.
Porém, mesmo assim você leu, não concordou comigo e exerceu seu direito de me criticar e julgar. E como critica e tem ideias para dizer! Ótimo! Todos nós temos ideias e fazemos julgamentos o tempo todo. Ou você acha que o que o Sr. Pondé faz toda segunda-feira de manhã não é julgamento? Com aquela mania irritante dele de dizer, veladamente, que o "caro leitor" é um ignorante e não percebe as verdades da vida, Que ele tenta, de maneira tão benévola, derramar sobre a cabeça do coitado. E depois eu que sou dono da verdade pronta...
E você ainda o chama de sábio! Ele é um acadêmico, filósofo, professor e escritor, com algumas ideias a dizer, mas daí a sábio tem um enorme caminho.
Por favor, menos.
Anônimo disse…
Ricardo, eu considero os textos do Pondé como um contrapeso intelectual de toda a teoria sociológica marxista e racionalista que comumente presenciamos na universidade. Não que eu discorde de um ou de outro.
Anônimo disse…
Olha, prezado comentarista, eu não trabalho com a obrigação de estar sempre certa, e aceito sua opinião, embora prefira o conceito, sempre dialético, sempre crítico. Não pretendi em nenhum momento emitir a palavra final, e estou muito looooooooonge de "acreditar" que o SEU senso crítico deva adequar-se ao meu ou de outrem, sob quaisquer circunstâncias. Não considero honestas suas afirmações que Pondé intenta isso ou aquilo, pois são suas impressões (muito mais afetivas, convenhamos) acerca do que ele diz ou desdiz, que induzem-no a escrever de modo tão dogmático, embora com viés crítico. Todos somos medíocres, e tenho certeza que você sabe disso e não tem nenhum problema em admitir isso...Então, como diz Bery Stevens, se nos encontramos literariamente am alguns pontos, ótimo! Se não , nada há a fazer. E sem tréplica, por favor: SINTA-SE COM TODA A RAZÃO.
Ricardo disse…
Tudo bem cara Anônima, sem tréplica. Até porquê isso já ficou um pouco cansativo, não?
Abraços.
Anônimo disse…
Não é a perda da vida que ameaça ao novo crente da felicidade onipotente impossível e ilusória, é a absoluta impossibilidade de ganhá-la, com tantas exigências inatingíveis e expectativas irrealizáveis. Perdida a fé no deus vingador, e no temor divino pela culpa do sexo, restam essas medíocres sensações culposas baratas, remorso rasteiro e vulgar, do materialismo imcompleto e não satisfeito: não ser rico, não ser belo, não ser fodão e nem picão; eis o que o corrói.
Áurea Barbosa disse…
"O cara é instigante. Mas é proposital"

FINALMENTE alguém entendeu que a função de um filósofo é provocar... Não entendendo isso, várias pessoas continuam lendo Pondé e Nietzsche ao pé da letra.Se um filósofo não tiver coragem de se expor às pedras ao dizer o que todos guardamos por absoluta covardia, quem o fará? Não interessa se Pondé está certo ou errado, o seu texto não foi feito com a intenção de doutrinar ninguém. Ele apenas testa nossa capacidade de argumentar, e, o que parece ser mais difícil: encarar certas verdades com serenidade, aceitando que somos apenas e tristemente humanos.
Anônimo disse…
Pondé é o verdadeiro "troll". Só está aí pra fazer baderna, interromper a discussão sadia e apenas trazer o caos infantil de alguém querendo puxar briga.

É fácil sair criticando e não fazer nada para mudar, Sr. Pondé. Ah, o senhor não quer mudar o mundo? Pois bem, ainda bem que vivemos todos numa sociedade nômade, deixando os mortos jogados na rua, morrendo de frio sem fogo, sem uma linguagem, sem livros (tão caros para o senhor), mudando de caverna em caverna para tentar achar comida. Ainda bem!

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