Lavador de carro está preso há 2 anos pelo furto de um bacalhau

O lavador de carro André Brasil Santiago (foto), 24, está preso há dois anos pelo furto de uma peça de bacalhau de um supermercado de Fortaleza, Ceará, sem que tenha sido julgado.

Até agora ele não foi convocado pela Justiça para prestar depoimento.

A defensora pública Saraia Ramos, da Bahia, informou que, se tivesse sido condenado, Santiago já teria cumprido nesse período uma pena em regime aberto porque não houve agressão no furto.

“Eu peguei o bacalhau pra comer”, disse ele à Band News.

Em 2008, depois de três meses de detenção em uma delegacia de Fortaleza por causa do bacalhau, Santiago foi mandado pela polícia para Salvador (BA), cidade natal dele.

Em Salvador, uma batida policial constatou que havia um mandado de prisão da Justiça do Ceará contra ele.
  
Desde então, Santiago passou por diversas delegacias de Salvador à espera de uma manifestação da Justiça do Ceará ou a da Bahia. A defensora Saraia deu entrada a um pedido de habeas corpus, mas ainda não há uma decisão.

A emissora de tv não informou sobre o preço do bacalhau, mas é possível estimá-lo.

O bacalhau mais consumido pelos brasileiros é o Saithe, cujo quilo custa cerca de R$ 20. Como uma peça desse peixe pesa cerca de 5 quilos, o valor atual do furto é de R$ 100, no mínimo.

Se o peixe for do mais caro, o importado do Porto (Portugal), o quilo pode chegar a R$ 80, em média. Nesse caso, o total fica em R$ 400.

Para o promotor Davi Gallo, da Bahia, a detenção por tanto tempo de Santiago é “um absurdo jurídico.”

O caso do lavador de carro contrasta, entre outros, com o episódio do banqueiro Daniel Dantas, acusado de dar golpes de bilhões de reais.

Preso preventivamente em julho de 2008, o banqueiro obteve um habeas corpus em tempo recorde do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

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