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'O politicamente correto é coisa de retardado', escreve Pondé

Título original: 2012 retardados

por Luiz Felipe Pondé
para Folha

O filme "2012", de Roland Emmerich, é um lixo da geração Obama.

Filmes-catástrofe são fracos, servem para tardes chuvosas de domingo, recheados com cama, chuva e preguiça, ao lado de alguém com quem você gosta de ficar na cama abraçado. Além, é claro, do fato de que o ano "fatídico" 2012 é uma maldição do povo maia, essa "grande civilização" que fazia sacrifícios humanos.

Além dos clichês mais banais de filmes-catástrofe (cientistas bonzinhos, autoridades malvadas, presidentes americanos solidários, famílias despedaçadas que se reúnem em meio ao caos, vinganças da deusa natureza contra o dinheiro -aquele mesmo que todo mundo quer no bolso), "2012" acrescenta a palhaçada do politicamente correto. Isso sim é o fim do mundo.

Leitores me perguntam por que essa palhaçada me irrita tanto. Respondo: porque é coisa de retardado.
Nós não vamos morrer todos afogados em grandes ondas do mar, nem em labaredas vulcânicas, nem com a gripe da porca (H1N1). Nosso espírito sim vai sufocar sob a bota do fascismo retardado do politicamente correto.

Sempre temo que, sem Clint Eastwood, o cinema dos Estados Unidos afunde na "catatonia do bem" retardado.

Como essa "catatonia do bem" piora o já terrível "2012" (cheio de interpretações sofríveis, salvo o "profeta" Woody Harrelson, roteiro sem pé nem cabeça, soluções ridículas para os personagens)?

Antes de tudo, vale salientar que a temática apocalíptica tem seu peso no imaginário. A ideia do fim do mundo espreme os seres humanos contra a força de questões essenciais como "o que fizemos com nossas vidas?", "como chegamos a essa situação?", "como perdemos tanto tempo com bobagens?".

É aí que o retardamento mental do politicamente correto estraga tudo: ele responde as questões de uma forma mais infantil do que cartinhas de crianças para o Papai Noel. E a força do drama humano se dissolve no ácido da estupidez.

É claro que o cientista bonzinho é um anjo negro. Não o anjo negro do Nelson Rodrigues, que tem as vísceras de quem de fato sofre e de quem padece da maldição de ser homem, mas o anjo negro da geração Obama, cujos intestinos digerem não o bolo alimentar, mas as flores e as virtudes santas.

Ao contrário dos cientistas reais que correm atrás de dinheiro para pagar suas pesquisas e fazem qualquer negócio pra consegui-lo (com razão), esse se preocupa apenas com os pobres, claro, apenas os pobres dos países do G8.

O presidente, outro anjo negro, morre procurando o pai perdido de uma criancinha chorona. Sua filha (diga-se de passagem, uma deusa africana), só se preocupa com a salvação da arte universal.

A namoradinha do magnata russo canalha, que o trai com seu piloto particular (mas tudo bem...), em meio à destruição do mundo, confessa a outra mulher santinha: "Foi meu namorado quem me obrigou a pôr silicone, eu não queria". Mentira: qualquer pessoa não retardada sabe que as mulheres colocam silicone para que as outras invejem seus seios e para seduzir os homens, e não porque seus namorados as obrigam.

Evidentemente que os namorados usufruem, graças a Deus, e elas ficam mais bonitas e felizes.

O único "bad guy" (bandido) é um gordo branco preocupado com dinheiro, como todos nós. Mas claro que, no novo mundo dos retardados do bem, ninguém quer dinheiro, por isso a pérola que o anjo negro da ciência do bem diz: "Não devemos começar um mundo novo assim".

O mundo acaba. Os continentes afundam, menos a África, que, em vez de afundar, se ergue. Ora bolas, a África é o berço da humanidade, até faz sentido. Mas o mais importante é que, na geopolítica dos retardados, a África é o continente onde todo mundo é legal e vítima dos malvados brancos.

E aí vem o pior. Imagine um "loser" (fracassado), um escritor falido que ganha a vida sendo motorista de limusine. Agora imagine que ele ainda ama sua ex-esposa (a outra mulher santinha que citei acima). Imagine que essa ex-esposa o trocou por um médico bem-sucedido! Agora adicione o fato de que seu filho o despreza e adora o novo marido médico bem-sucedido da sua mãe. Depois imagine que, em meio ao fim do mundo, esse filho pentelho diz para o pai "loser": "Você deveria dar uma chance ao Gordon [nome do marido médico de sua mãe], ele é bem legal". E aí o infeliz marido trocado responde: "Eu vou tentar, meu filho".

No dia que um homem, nessa situação, concordar com um papo furado desse, de um filho pentelho, aí, sim, o mundo acabou.





'Entre as pernas de uma mulher, só boas emoções nos esperam.'
novembro de 2009

Artigos do filósofo Luiz Felipe Pondé.

Comentários

Elizete Lee disse…
Estava relutante em assistir 2012, pois já imaginava os retardamentos que teria que suportar em prol de grandes efeitos especiais, mas acho melhor não gastar o meu suado dinheiro nesse besteirol.
Anônimo disse…
Abaixo o Politicamente Correto

A existência humana vale a pena se vivenciarmos a multiplicidade de cores, luzes, sons, sabores, cheiros, tatos, pensamentos, vibrações, etc, etc, etc...

Sabes tudo sábio Pondé...
Anônimo disse…
A principal característica do pensamento desse historiador da filosofia, impropriamente chamado de filósofo, pois não criou nenhum original sistema de pensamento e apenas escreve pseudofilosofices...é o que meu pai chama de evento democrático específico da BOBARQUIA moderna...desencabularam a besteira. Ao misturar "exemplos" de uma anomia hodierna, confusa e caótica pela sociedade atural ser pluriétnica, plurigênero e pluriética,economicamente globalizada e essa hegemonia do capital se impor mediante uma biopolítica que é política do corpo...adestrado, domesticado, desenhado e cartografado segundo o capital...ele reafirma um pensamento anacrônico semelhante ao dos antigos ecléticos e diletantes filosóficos do espírito, que à guisa de comentário, são menos que os chamados "livres-pensadores" do passado...Porque aqueles combatiam o obscurantismo e este senhor incentiva a ignorância, a besteira desavergonhada e estimulada...Concordo com seu pensamento em alguns pontos e graças a Deus não precisamos concordar em outros, nem trabalhamos, eu nem ele, com essa obrigação do politicamente correto de um patrulhamento ideológico do pensar...nisso estamos concordes. Mas vejo por outros óculos a postura do pensamento de franco-atirador ideológico... como quem dá relevância aos pontos hipervalorizados da aparência, da metáfora, e não dos ocultos, das metanarrativas e não dos discursos, que são armas poderosas dos que enganam porque querem continuar a dominar.
Anônimo disse…
Ah, hehehe....Hahaahahaha!!!Bobarquia, he???
kkkkkkkkk....Gostei.
É isso mesmo. Falou pouco e disse tudo, e tem razão..o filme é ótimo, um tapa na cara do racismo, e o ilustre afrodescendente pondé quer se branquear pelo lado do "anti-racismo de defesa"?
Nada mais natural para quem defende as cotas.
Anônimo disse…
2012?
Que porra é essa?
Áurea Barbosa disse…
"Um tapa na cara do racismo"
clichê perfeito para um filme-clichê-aspirina feito sob encomenda para provocar alívio instantâneo em todas as pobres consciências pesadas do homem bonzinho contemporâneo. Bonzinho? Até parece...Se existisse uma máquina que revelasse verdades ocultas, 99% da humanidade(incluindo aí os africanos) não poderiam mais levantar a cabeca.
Continuo achando que discursos, filmes e boas intenções são ótimos como marketing, mas o que nos salva(e sempre salvou)são boas AÇÕES. E essas são raras...Principalmente as silenciosas.
Anônimo disse…
Continue, fracassado. Enquanto sua pseudo-crítica é anulada na imensidão da internet, Pondé continua lido e relido kkkkk. Esquerdinha fedido, atente-se, não passei da segunda linha da sua verborragia caustica cáustica.

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