
Bastava o marido de Maria tomar alguns tragos de cachaça para ele ficar violento. E lá vinham, por cima dela, murros, tapas, empurrões. “Ele me batia na frente de qualquer um. Não me respeitou nem quando eu estava grávida. Tenho marcas de violência em todo o corpo”.
Maria tem 52 anos e mora em um bairro na zona sul de São Paulo.
Ela apanhou do marido por 30 anos.
O depoimento dela e de outras vítimas são a base de um estudo da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) que comprovou o que sempre se soube: a bebida alcoólica potencializa a violência doméstica e as vítimas, na maioria dos casos, são as mulheres, com sobra de pancadas para os filhos.
Dados levantados em entrevistas com 7 mil famílias em 108 cidades brasileiras mostram que, do total dos casos de covardia dentro de casa, 49,8% dos agressores estavam embriagados. Ou seja, praticamente 50%.
No caso de Maria, ela não sabe por que nunca denunciou o companheiro à polícia. Quando ia ao pronto-socorro, inventava uma desculpa para os machucados. “Dizia, por exemplo, que tinha escorregado no banheiro.”
Nas entrevistas, as mulheres falaram que não davam queixa à polícia porque, além de gostar do companheiro, atribuíam a violência à bebida alcoólica, e não ao agressor. Como se o mau-caratismo fosse da bebida, e não da pessoa.
As mulheres pobres apanham mais, na proporção de 50% do total dos casos. Em seguida vêm as de classe média (33%) e as da classe alta (17%).
O estudo mostrou que 48,7% das vítimas não dependem financeiramente do agressor. Ou seja, o dinheiro não é a causa da submissão, diferentemente, talvez, do que acredita o senso comum.
A boa notícia é que as novas gerações de mulheres têm denunciado a violência com mais frequência, de acordo com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.
Os bebuns que se cuidem.
> Pastor da Igreja Amor Divino é preso por espancar sua mulher.
março de 2011
> Alcoolismo. > Violência contra a mulher.
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