Merkel reage à acolhida que papa deu a bispo que nega holocausto

Merkel não aceita a justificativa do papa

O papa Bento 16 revela-se cada vez mais ser um desastre. Vive ditando moralidade para o mundo (sim, eu sei, é o papel dele), mas, na prática, o que faz? Reabilita um bispo inglês que nega a existência do holocausto.

Em novembro do ano passado, o bispo Richard Williamson disse a uma emissora de TV sueca que não acreditava que os alemães tenham usado câmaras de gás na Segunda Grande Guerra para matar judeus. Reconheceu que tenha morrido ‘até’ 300 mil judeus em campos de concentração nazistas, “mas nenhum em câmara de gás”.

Bispo da linha mais conservadora da igreja, integrante da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, Williamson estava excomungado, mas foi reabilitado pelo papa, que, de certo, não esperava que houvesse tanta reação, não só de judeus, mas também de cristãos.

O Vaticano teve a coragem de afirmar que não sabia da entrevista de Williamson sobre o holocausto – fato que foi notícia em todo mundo.

A normalmente comedida Angela Merkel, a chanceler Alemanha, surpreendeu hoje ao dizer que não aceita a justificativa do Vaticano. “Esse esclarecimento é totalmente insuficiente.”

Acrescentou: “Isso não é uma questão apenas para as comunidades cristã, católica e judaica na Alemanha, e o papa e o Vaticano deveriam esclarecer sem ambigüidade que não pode haver uma negação (do Holocausto)".

Agora, Bento 16 está frágil politicamente: excomungar de novo o bispo, ele não vai, e a permanência de Williamson na igreja será sempre uma lembrança de que o papa é condescendente para com a ala mais retrógada da igreja.

ATUALIZAÇÃO em 4/2/2009

Nesta quarta, o Vaticano diz que exigiu que o bispo Richard Williamson (foto) peça desculpas públicas por ter negado o holocausto. O bispo mora na Argentina e pertence ao movimento tradicionalista criado pelo cardeal francês Marcel Lefebvre.

Até este momento, ele não se manifestou sobre o ultimato do papa.

> Caso do bispo ultraconservador Richard Williamson.