Depois da entrevista de ontem (2) à noite, ao Fantástico, de Nayara Silva (foto), 15, ficou mais difícil a PM sustentar que invadiu o apartamento onde a adolescente e o sua amiga Eloá Pimental, 15, estavam porque Lindemberg Alves, 22, o seqüestrador das duas, tinha dado um tiro.
Questionada pela repórter, Nayara foi categórica: Lindemberg até então não tinha dado nenhum tiro em nenhuma das duas e que o rapaz naquela sexta (17 de outubro) até que estava calmo.
A invasão do apartamento pelo Gate (Grupo de Ações Táticas Especial) fez com que o Lindemberg disparasse dois tiros em sua ex-namora, a Eloá, e a matasse, e um no rosto da Nayara.
Foi um fim trágico para um seqüestro que já tinha ultrapassado a mais de 100 horas. A polícia até chegou a ser elogiada por ter insistido na negociação, em vez de tentar atingir o rapaz.
Mas pelo relato da adolescente, a operação policial estava sendo conduzida de maneira amadora e irresponsável
Libertada pelo sequestrador, Nayara teve de voltar ao apartamento porque a polícia se submeteu à exigência do seqüestrador, voltando, assim, a estar sob risco de morte duas pessoas, em vez de uma só, a de Eloá.
Pelo bom-senso – sem falar do estatuto do menor, que proibe esse tipo de coisa -- a adolescente jamais poderia ter voltado onde estivera seqüestrada. Mas ela teve de voltar. “Não sei se eu queria ir. Mas eu não quis discutir”, disse Nayara.
Ela contou que ninguém pediu autorização a sua mãe para que ela fosse de novo ao apartamento (pelo estatuto, nem sua mãe poderia ter dado a orientação) e que não recebeu nenhuma orientação dos policiais de como se comportar quando se aproximasse do local onde estava Eloá sob o poder de Lindemberg.
Os policiais não lhe falaram da possibilidade de o rapaz exigir a sua volta – o que acabou acontecendo. “Eu acho que eles [os policiais] deveriam ter cogitado essa hipótese, porque ele [Lindemberg) falou muita coisa e não cumpriu.”
A Polícia de São Paulo abriu dois inquéritos, um civil e outro militar, para apurar por que a operação de resgate foi tão desastrada.
O responsável pelo inquérito policial, o coronel Eliseu Leite Moraes, teve de ser afastado porque, antes mesmo de iniciar os seus procedimentos, disse, veja só, que o Gate não tinha cometido nenhum erro.
O nome do oficial da PM que substituiu o coronel Moraes vem sendo mantido sob sigilo. Espera-se que ele o mais parcial possível que consiga ser um oficial ao avaliar uma operação fracassada de sua corporação.
Comentários
o promotor que estava presente e omitiu-se na volta da garota deve ser punido também.Foram diversos crimes em uma única tarde e recentemente um coronel foi afastado por tentar livrar a cara dos colegas PMs. Tudo isto é uma vergonha e a imprenssa não investiga!!
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