Amigos do Maníaco da Cruz sabiam dos crimes

Pelo menos três amigos --dois de 14 anos e um de 16 – de D.F.,16, sabiam que ele era o Maníaco do Cruz, o assassino de três pessoas, e não contaram à polícia. Outros dois jovens também teriam a informação.

Foi o que disse Maria de Lourdes (foto), delegada da Infância e Adolescência, que na foto abaixo mostra aos jornalistas as luvas que o adolescente usou nos crimes para não deixar suas impressões digitais.

A delegada, que ouviu os três amigos na tarde desta terça (14), disse à imprensa de Mato Grosso do Sul que inicialmente os jovens negaram saber quem era o autor dos crimes, mas acabaram admitindo que D.F. lhes contou em detalhes como matara o pedreiro Catalino Gardena, 30, a frentista Letícia Neves de Oliveira, 22, e a estudante Gleice Kelly da Silva, 13, deixando-o corpos em forma de cruz. Os crimes ocorreram em Rio Brilhante, de 27 mil habitantes, a 155 quilômetros de Campo Grande.

O próprio D.F. já tinha dito à polícia que falara sobre os crimes a amigos e que estes não teriam acreditado.
A mãe de D.F., em rápida entrevista ontem à imprensa, insinuou que ‘aquilo’ [devoção ao demônio] não tinha saído só da cabeça do filho. Não se sabe o que ela disse à delegada. O seu depoimento encontra-se sob sigilo para preservar as investigações.

Os amigos de D.F. seriam os jovens que aparecem com ele em fotos postadas no Orkut nas quais simulam rituais macabros. 

Os adolescentes teriam dito à delegada que, como D.F., cultuam o demônio.

Quando soube disso, a mãe de um dos garotos teve mal-estar na delegacia. “Os pais ficaram chocados”, disse Maria de Lourdes. 

A delegada ainda não sabe se vai encaminhar os adolescentes ao juizado de menores. Ela descartou de novo a possibilidade de o D.F. ter contado com a colaboração de amigos para cometer os crimes.

Terezinha Silva, 29, a mãe da última vítima, a Gleice, prestou ontem depoimento à polícia. Ela disse que a filha, quando saia de casa, tinha medo de ser atacada pelo maníaco.

Ela não se conforma com a polícia de Rio Brilhante que não conseguiu descobrir o criminoso quando havia duas mortes com pecularidades estranhas e comuns entre si e indícios de que o maníaco voltaria a atacar. 

“Somente depois da morte de minha filha é que a polícia de Campo Grande apareceu na cidade e descobriu quem era o assassino”, disse. “Quero que ele [o acusado] seja jogado no meio de todos presos.”

A lei prevê que D.F., por ser menor de idade, poderá ficar detido por três anos para reeducação, até completar 19 anos. Após esse período, o juiz poderá mantê-lo internado por até cinco anos em um hospital psiquiátrico.

O defensor público Eugênio Luiz Dameão foi encarregado de dar assistência ao adolescente.

> Caso do Maníaco da Cruz.