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Sargento gay é condenado a seis meses de prisão

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O julgamento foi tenso durante todo o tempo e o ápice ocorreu quando o sargento gay do Exército Laci de Araújo (na foto, de costas) gritou: “Manda me prender, manda me matar. Manda logo me torturar. Eles [os oficiais] me torturam. Eu não vou me calar, estou doente”.

Nesta quinta (25), ele foi condenado a seis meses de prisão por deserção pelo STM (Superior Tribunal Militar), composto por quatro militares e uma civil, a juíza Zilá Petterson (também na foto) e presidente dessa instância. Foi dela o único voto favorável ao Araújo.

O companheiro de Araújo, o ex-sargento do Exército Fernando Alcântara, disse que já esperava a condenação dos juízes militares. “Existe a hierarquia. Qualquer voto contrário poderia prejudicar a carreira deles.”

É possível que Laci não vá para a cadeia ou lá permaneça pouco tempo. Ele já ficou 58 dias preso e a sua prisão só não se prolongou porque obteve habeas corpus do STF (Supremo Tribunal Federal), o que lhe permitirá agora recorrer em liberdade da decisão do STM.

Mesmo assim, Zilá propôs que Araujo fique mais dois presos, para dar o total de 60 dias, de modo que obtenha indulto de Natal, caso, no julgamento da apelação, seja confirmada a condenação.

O sargento foi acusado de desertor por não comparecer ao quartel por oito dias seguidos sem antes dar uma justificação. Depois, ele apresentou atestados de médicos civis segundo os quais esteve doente. Os atestados foram recusados pelo Exercito.

Claro que, a rigor, o sargento não foi condenado pela falta dos oitos dias. Ele foi punido por, juntamente com Alcântara, terem assumido publicamente um relacionamento homossexual de mais de 10 anos. Os dois saíram na capa da Época com a manchete de serem o primeiro casal gay do Exército.

Foi demais para a instituição que, pela sua própria natureza, cultua a virilidade, embora, como se sabe, dentro dos guardas-roupas das casernas sempre houve homossexuais. O próprio Alcântara, antes de pedir baixa, disse que já recebeu cantadas, tanto de soldados rasos como de oficiais de alta patente.

Araújo e Alcântara não precisavam se assumirem publicamente como gays com tanto espalhafato. Cutucaram a instituição com vara curta e agora Araújo sofre as conseqüências.

De sua parte, o Exército mostrou não estar preparado para lidar com a insubordinação de dois de seus soldados gays. Não havia a necessidade de manter Araújo preso por 58 dias. Faltou tato para conduzir o caso para um rápido desfecho, de modo que o Exército não sofresse o desgaste da acusação da comunidade gay, que é grande e tem grande poder mediático, de ser preconceituoso.

Enfim, esse caso se tornou em uma birra. Tanto da parte do sargento como do Exército.

 

ATUALIZAÇÃO em 30/9/2008

Laci de Araújo não pôde recorrer em liberdade da condenação do STM. Nesta terça, às 13h30min, ele foi preso -- mais uma vez -- sob a acusação de ter ido a Natal (sua base é Brasília) em novembro de 2007 sem autoridades do seu comandante.

Agora, Araújo ficará preso por quatro dias, o Comando Militar do Planalto já avisou: existem outras pedências, que "serão aplicadas ao juízo do seu comandante".

Ou seja, o sargento gay poderá continuar na cadeia.

> Caso dos sargentos gays do Exército.

Comentários

Anônimo disse…
A carreira militar é incompatível com a opção sexual dos gays, como vão separar os soldados
jovens bonitões da atração sexual??
Existem diversos trabalhos que podem ser exercidos pelos gays, nas forças armadas é uma
inversão de valores.
Eduardo Varela
Anônimo disse…
Eduardo,... e os heterossexuais não poderíam trabalhar com mulheres, muito menos se fossem bonitonas nesta sua lógica preconceituosa. Atração sexual atrapalha tanto o desempenho profissional?
Mas é claro que esse assunto lhe incomoda muito, vc já pensou em fazer terapia? Com ela, vc perceberia melhor os porques desses sentimentos, seria um ser humano melhor, para si e para o mundo.... quem sabe até se assumiria e experimentaria um verdadeiro amor, ao invés de frequentar banheirões de shoping como fazem muitos dos "heteros" enrustidos.
Anônimo disse…
É Paulo, os dois lados não mostraram coerência, nem respeito. Tomara que esse Brasil, que esse povo, que esses caciques melhorem um dia...
Anônimo disse…
a discriminação existe por tudo isso. se ele se comportasse como um homem gay normal, estaria trabalhando. Foi para uma revista nacional, falou o que devia e nao devia. E ainda por cima não trabalha. Conversei com militares que sao amigos de gays. O cara aí tá errado. Não trabalha vai preso ou tá errado. Mais um para o estigma, gay, doente... e etc...
Existe a discriminação somente a quem lhe faz discriminar. Gay que vive sua vida normal, trabalha e ama, nao passa por nada disso!
Anônimo disse…
Não passa por nada disso?
Vc mora em Montreal ou em Amsterdã?
Ah, e também não é gay nem mulher para sentir na pele as diferenças, os preconceitos, as faltas e respeito e as violências a que passamos nesta sociedade machista.
Ou então é lunático!

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