O Exército exagerou na madrugada de quarta ao cercar a Rede TV! para prender os sargentos Laci Marinho de Araújo (foto) e Fernando Alcântara de Figueiredo.
Ambos foram capa da Época por admitirem que têm um relacionamento homossexual desde 1997. Foram considerados pela revista como o primeiro casal gay assumido do Exército.
O Exército tinha informado a revista que Araújo é um “desertor e foragido da justiça militar desde maio de 2007”.
Na quarta à noite, Araújo e Figueiredo estavam dando entrevista ao programa SuperPop quando a emissora foi cercada por homens da Polícia do Exército armados com fuzis e pistolas.
Não havia necessidade de tal aparato. Os produtores do programa devem ter ficado agradecidos, porque a audiência aumentou. As imagens do cerco foram ao ar. O Exército se expôs ao ridículo.
A Folha relata que Araújo, ao ser preso, gritou que “eles [o Exército] querem me matar”, “eles querem fazer queima de arquivo”.
O coronel de Cavalaria Cesar Augusto Moura foi o responsável pela 'ofensiva'. Ele disse à repórter Laura Capriglione que cumpriu uma ordem judicial e que a prisão não se deu por motivação homofóbica.
Não é o que acha Beto Sato, 28, da Associação Brasileira dos Gays. Para ele, o cerco do Exército à emissora foi uma “demonstração clara de homofobia”.
As Forças Armadas dos EUA em 2003 demitiu soldados gays e lésbicas, principalmente tradutores. Mas parece que agora houve lá um apaziguamento com a política do “don´t ask, don´t tell” (“não pergunte, não diga”).
Homossexualismo nas Forças Armadas sempre houve e sempre haverá, como, aliás, em qualquer instituição (No Império Romano, eles eram os mais bravos soldados). Há uma lenda (que pode ser verdade) que é na Marinha onde se concentram mais homossexuais.
Araujo fez uma denúncia e é preciso saber se de fato tem havido no Exército perseguição aos homossexuais.
E é lamentável que um assunto que merece ser tratado com seriedade tenha se tornado notícia sensacionalista, e por culpa não só do Exército, mas também de Araujo, que não deveria se expor tanto, tornando-se capa de revista.
ATUALIZAÇÃO
Na manhã desta quinta-feira, o sargento Araújo, que estava internado em um hospital do Exército em São Paulo, foi transferido para quartel em Brasília. O Condepe (Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana) teme que o sargento seja colocado em uma prisão. Araújo sofre de esclerose múltipa, psicose orgânica e disfunção de labarinto; e a prisão agravaria as condições de sua saúde, disse um porta-voz do Condepe ao portal G1.
> Ministério Público quer saber como as Forças Armadas tratam os homossexuais.
> Pulsão reprimida explica ação contra militar homossexual. (Folha)
> Caso dos sargentos gays do Exército.
Comentários
Como é que pode ter gente dizendo que amar é corrupção, como vi em alguns dos comentários anteriores? Como pode alguém falar em defesa da família perseguindo homossexuais, quando são heterossexuais que estão jogando filhos pela janela, em rios, deixando abandonados em carros que acabam sendo roubados, etc. É um discurso muito estúpido esse que vincula a sexualidade de alguém e ao seu caráter.
Vale lembrar que muito do que essa gente considera ruim é o melhor que nossa sociedade já produziu até hoje: liberdade de expressão, liberdade de culto (foram religiosos que perseguiram religiosos no ocidente, e não ateus), direitos iguais entre mulheres e homens, governo laico, democracia, etc, etc, etc.
Então, dar ouvidos ao rancor dos que não sabem amar, é a última coisa que qualquer pessoa ou instituição ajuizada pode fazer.
Mais em: www.gls.zip.net
Sergio Viula
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