Do Elio Gaspari, da Folha:
O professor Luciano Coutinho (foto) precisa tomar cuidado. As artes de Asmodeu fizeram com que, durante sua presidência, o BNDES passasse a freqüentar a banda podre do noticiário econômico com uma regularidade inédita nos últimos 30 anos.> Os segredos da investigação no BNDES. (Istoé)
A Polícia Federal deteve um conselheiro do banco e associou três empréstimos aos interesses de um afilhado da Força Sindical. Coisa de R$ 520 milhões e comissões de R$ 10 milhões. Noutro nível, o banco cacifou com R$ 2,6 bilhões a fusão da Oi com a Brasil Telecom. Fez isso sem que o contubérnio esteja amparado pelas normas reguladoras da República. Noutro negócio, criou uma nova modalidade de crédito e deu à Vale um cheque especial de até R$ 7,3 bilhões. Até aí tudo bem, mas logo depois da liberação do ervanário, o secretário-executivo do BNDES foi trabalhar na Vale.
Salvo o episódio policial, todos os outros fatos ocorreram com o conhecimento e o beneplácito do professor Coutinho. Pode-se argumentar que nos financiamentos da Vale e dos marqueses da Oi/Telemar houve um interesse estratégico do governo em fortalecer as empresas. Seria a tal "política industrial".
O presidente do BNDES haverá de reconhecer que sua maior colaboração para a história da indústria nacional está associada a um dos maiores desastres impostos à patuléia por burocratas megalomaníacos: a criação da reserva de mercado para produção e comercialização de computadores. Tem gente que já esqueceu, mas houve época em que era mais fácil entrar no Brasil com um pacote de maconha do que com um PC. Quem quisesse trazer um disco de 40 MB precisava recorrer a poderosos amigos.
Todos os governos dizem que usam o velho e bom BNDES da melhor forma possível. O tucanato achou razoável lotear o Conselho de Administração do banco com guildas de patrões e empregados. Deu no que deu e dará em muito mais. No episódio do apadrinhamento da fusão das teles, a vassoura de conexões da Oi/Telemar levou para baixo da saia da Viúva a contabilidade presente e pregressa da Brasil Telecom. A manobra pretende criar uma empresa de telecomunicações poderosa, nacional e companheira. Por enquanto, deu alegria aos interessados.
O professor Coutinho faria bem se baixasse a bola da cobiça do Planalto sobre as arcas do BNDES e fizesse valer a regra de ouro do corpo técnico da casa. Ela funciona assim:
Quem seleciona não analisa.
Quem analisa não aprova.
Quem aprova não contrata.
Quem contrata não libera.
> Citações sobre corrupção.
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