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Chico Dólar fala sobre torturas e extermínio na Guerrilha do Araguaia


Militar reformado que, quando na ativa, participou como sargento do combate aos guerrilheiros de Araguaia, o tenente José Vargas Jiménez (foto) concedeu entrevista ao Jornal do Brasil onde fala sobre os métodos de torturas utilizados na “fase de extermínio” de militantes do PC do B. O JB informa que Jiménez é responsável pela execução de 32 guerrilheiros no Araguaia.

Jiménez é autor do livro Bacaba – Memórias de um Guerreiro de Selva da Guerrilha do Araguaia, que foi editado ao final de 2007 com recursos próprios pela Editora do Autor, de Campo Grande (MS). Seu codinome na selva era Chico Dólar

Seguem alguns destaques da reportagem de autoria de Vasconcelo Quadros publicada na edição de hoje do jornal.

# Nem todos os guerrilheiros mortos foram sepultados. “Uma parte ficou insepulta [...] e viraram alimento dos animais da floresta.”

# Jiménez admite ter participado da execução da guerrilheira Maria Lúcia de Souza em 24 de outubro de 1973. Segundo ele, “Sônia” (o codinome dela) reagiu à ordem de prisão, baleou dois oficiais e foi metralhada por toda a tropa.

# Os guerrilheiros Arildo Valadão, Adriano Fonseca e Jaime Petit da Silva foram decapitados e suas mãos retiradas do corpo para impedir a sua identificação.

# Um soldado arrancou o dedo do corpo de um guerrilheiro e pendurou-o em seu pescoço como amuleto.

# Os soldados do Exército tomavam como prisioneiras mulheres e filhas de camponeses do Araguaia; e elas se prostituiam para sobreviver.

# Entre as tropas que se encontravam na região, havia uma competição sobre quem matava mais.

# Com medo dos militares, havia famílias de camponeses que lhes ofereciam filhas adolescentes.

# As mortes eram assinaladas com uma marca no cabo das armas, como nos filmes americanos de faroeste.

# No período de 1973 (outubro) a 1974 (fevereiro), o Exército tinha no Araguaia pelo menos 100 pára-quedistas e outras 120 soldados com treinamento na selva.

# Diz Jiménez: “A ordem era atirar primeiro e perguntar depois. Nós entramos para matar, destruir. Não era para fazer prisioneiros. Tínhamos o poder de vida e de morte sobre os guerrilheiros”

# Continua: “Não vejo por que esconder que houve tortura ou que se tratou de um extermínio”.

# Em 1985, Jiménez recebeu ordens de seus superiores para queimar os documentos referentes ao combate aos guerrilheiros. “Juntei tudo e queimei.”

# Jiménez é responsável pela captura do guerrilheiro Antônio de Pádua Costa, o Piauí. “Foi o guerrilheiro mais macho que conheci. Quando era torturado, só soltava um gemido seco, mas agüentava.”

Trecho do livro

“Parem de brincar e devolvam minhas botas." [disse a guerrilheira Lúcia Maria de Souza, a Sônia, imaginando que seus companheiros haviam sumido com seu calçado). O comandante do GC se aproximou e perguntou o nome: 'Guerrilheiro não tem nome seu filho da puta. Nós lutamos pela liberdade'. Ao mesmo tempo tirou um revólver que tinha escondido e disparou (feriu os oficiais Lício Ribeiro Maciel e Curió). Foi metralhada e morta ali mesmo. Seu corpo foi deixado à beira brejo, em Taboão, Brejo Grande".

> Mais sobre a Guerrilha do Araguaia.

> Informações sobre a ditadura militar brasileira.

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