Pois bem, agora, ao ler um artigo no “Observatório da Imprensa”, fiquei sabendo que houve em outubro um congresso sobre a língua portuguesa onde se registrou uma hostilidade ao português do Brasil por parte de africanos.
Uma educadora de Moçambique ficou preocupada com o fato de os “miúdos” aprenderem um português na escola e depois, em casa, terem de ouvir um “outro” idioma na televisão (leia-se novelas da TV Globo).
Houve quem reclamasse do “sotaque” de atrizes brasileiras num filme dirigido por um angolano que foi apresentado ao final do seminário. As atrizes deveriam falar como se fala em Angola, argumentou-se.
Também não faltaram insinuações de que o Brasil está manifestando uma vocação de colonizador cultural em relação aos países lusófonos.
A ironia é que tudo isso foi discutido na University of Minnesota, Estados Unidos, num congresso chamado de American Portuguese Studies Association, durante palestras com nome como Portugal: at crossroads of different historical times e Luso-African-Brazilian Literatures and Cultures and Portuguese Language and Linguistics.
Não sei informar se os palestrantes falaram em português ou em... inglês.
Tenho a impressão de que a intelectualidade dos africanos lusófonos está cada vez mais dividida entre o português de Portugal e o do Brasil. Acho que os africanos deveriam falar o português deles e não se importarem com as influências brasileiras, porque elas são inevitáveis. Pois afinal até no Brasil se discute o “sotaque” da TV Globo.
Íntegra do referido artigo, de autoria de Marisa Lajolo.
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