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Procurador da República aponta 40 da quadrilha do mensalão

Título original: "Uma sofisticada organização criminosa e seus 40 membros" 

por Maria Lima e Bernardo de la Peña, do Globo

Na mais dura peça condenatória feita até agora sobre o mensalão, o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, divulgou ontem a denúncia que mandou ao Supremo Tribunal Federal contra 40 envolvidos no escândalo e apontou o ex-ministro José Dirceu como o chefe de uma "sofisticada organização criminosa" criada para manter o PT no poder. Os crimes vão de formação de quadrilha a lavagem de dinheiro, corrupção ativa e corrupção passiva. Além de confirmar o mensalão, no organograma montado pelo Ministério Público são denunciados como chefões da quadrilha, juntamente com Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira. Os ex-ministros Luiz Gushiken, acusado de ter cometido quatro vezes o crime de peculato, e Anderson Adauto, por corrupção ativa e lavagem de dinheiro, também foram denunciados.

O procurador se manteve em silêncio nos últimos meses, mas ao quebrá-lo, foi implacável: "Com efeito, todos os graves delitos que serão imputados aos denunciados ao longo da presente peça têm início com a vitória eleitoral de 2002 do PT no plano nacional e tiveram por objetivo principal, no que concerne ao núcleo integrado por José Dirceu, Delúbio Soares, Sílvio Pereira e José Genoino, garantir a continuidade do projeto de poder do PT mediante a compra de suporte político de outros partidos políticos e do financiamento futuro e pretérito (pagamento de dívidas) das suas próprias campanhas eleitorais", conclui a denúncia, um texto de 133 páginas encaminhado ao STF em segredo de Justiça no último dia 30.

Lula e seu filho ficam de fora

Ficaram de fora qualquer citação, segundo o procurador por falta de provas, sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu filho Fábio Luiz Lula da Silva. Mas deputados que renunciaram ou foram absolvidos, escapando da condenação política, terão que responder a processo criminal. Outros parlamentares citados na CPI dos Correios e que ficaram fora desta denúncia continuam sendo investigados em outros inquéritos.

Para o procurador, este não é um momento de alegria, e sim de tristeza para a história política nacional. Mas disse que não vai demorar muito para que as punições sejam concretizadas, pois o processo está bem adiantado.

— O Ministério Público constatou que houve um esquema criminoso, de tráfico político de apoio. Nesse sentido houve, sim, o mensalão. Eu descrevo como isso ocorreu, fato por fato, nas 133 páginas da denúncia — disse o procurador.

No encadeamento de depoimentos e ligações de cada personagem do valerioduto, a denúncia da Procuradoria Geral da República constata que Dirceu, Genoino, Delúbio e Silvio Pereira encabeçavam o núcleo principal da quadrilha, chamado de politico-partidário. Esse núcleo pretendia garantir a continuidade do projeto de poder do PT mediante a compra de apoio político de outros partidos políticos e do financiamento futuro e passado das suas próprias campanhas.

No segundo núcleo, chamado de publicitário-financeiro, estão o empresário Marcos Valério, seus sócios e funcionários de suas agências de publicidade. O objetivo desse núcleo, segundo o procurador, era receber vantagens indevidas de integrantes do governo federal. E para isso, conclui Antonio Fernando, Marcos Valério "ofereceu os préstimos da sua quadrilha ao núcleo político-partidário". Os publicitários Duda Mendonça e sua sócia Zilmar Fernandes também são citados neste grupo.

O terceiro núcleo, denominado financeiro, seria composto por dirigentes do Banco Rural, com sua presidente Kátia Rabelo à frente, que ingressaram na organização criminosa também em busca de vantagens indevidas, de acordo com a denúncia.

Como o relatório paralelo do PT, derrotado na CPI, o procurador conclui que o embrião do esquema do valerioduto foi inaugurado na campanha do hoje senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), em 1998, quando ele disputava a reeleição para o governo de Minas Gerais. Mas o procurador não denuncia o tucano, argumentando que há um inquérito específico, em curso, cuidando do assunto.

Da mesma forma não foram denunciados os deputados que teriam se beneficiado do mesmo esquema, como Roberto Brant (PFL-MG), José Mentor (PT-SP), Vadão Gomes (PP-SP), Wanderval Santos (PP-SP) e Josias Gomes (PT-BA).

Nas investigações posteriores do Ministério Público, poderão ser incluídos os assessores parlamentares que tiveram seus acessos ao Banco Rural detectados pela CPI dos Correios e podem levar a outros parlamentares mensaleiros.

— Nesta primeira parte do trabalho do Ministério Público a denúncia coincide em grande parte com a conclusão da CPI. E pode ter a necessidade de aditamentos. Um complemento desse trabalho levará à responsabilização de todos os outros envolvidos — disse Antonio Fernando de Souza, informando que fez questão de encaminhar ao Supremo a denúncia no dia 30 para não sofrer influência do relatório da CPI.

No país do mensalão: mulher está presa por roubar pote de manteiga.
março de 2006

Comentários

Anônimo disse…
Paulo você é um bobo brincando de ser o Fernando e ou o Josias do UOL.

Seus comentários são panfletarios como todo jornalista hipocrita que vive neste país.

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